31.10.07

O caso da japonesa de Berlin foi muito simples.
Ela sorriu e eu deitei no sorriso dela.

Daí, decidimos pelo sim.

30.10.07

Como as mídias locais teriam fingido a morte de Jesus?

"Jesus é crucificado diante da mãe enquanto tramava a revolução comunista."

Quando o sujeito decide ressuscitar a coisa fica feia.

"Jesus manda sósia para crucificação e continua tramando a revolução comunista."

Todo mundo já sabe o fim.

"Fariseus institucionalizam a revolução comunista de Jesus, que já não será revolucionária, nem comunista e muito menos de Jesus."

O comunismo é tão pernicioso que já existia antes mesmo de existir de fato. E as mídias combateram corajosamente a inexistência do comunismo antes delas próprias existirem.

Existir é o que menos importa há muito tempo.

29.10.07

- Eu acordo de manhã com vontade de dançar, mas é chato dançar sozinha.

- É por isso que as pessoas se casam, lulú, pra ter com quem dançar pela manhã.

26.10.07

Todo dia eu sonho que acordo.
Que pego horas de tráfego.
Que trabalho no que não gosto.

Todo dia sonho com o mesmo almoço.
As mesmas pessoas mesmas.

Sonho que a fumaça dos automóveis precipitam a noite.
Então, sonho com banho quente seguido de cama.

E é quando sonho que durmo,
que vivo os dias que nunca se repetem.

16.10.07

Comecei a lembrar de como era ter 8 anos de idade. Que fase boa da vida! Eu era aquele zé ruela que não sabia nada de nada, mas construia, junto a meus amigos, toda essa pose de grupo formado por pequenos indivíduos, que finalmente haviam se dado conta de que estavam vivos e, claro, de que cada um tinha lá sua individualidade.

Era a sala do video game nosso foro infantil, lugar mágico em que fazíamos política. Sempre com o jeitinho todo anti-democrático que as crianças conhecem tão bem. Logo antes de começar, rolava aquela longa discussão metafísica sobre quem começaria jogando. E seguíamos com uma argumentação apurada: (sujeitos 1, 2, 3 e 4)

1 Eu começo porque o jogo é meu.

2 Idaí, o video game é meu.

3 Só que o segundo controle é meu.

1 É mas sem o adaptador, que é meu, nada funciona.

2 A tomada é minha, até aí.

3 Ah! Mas a eletricidade não é sua!

4 Dane-se, a mãe de vocês é minha!

Olhávamos meio assustados porque havia sempre este personagem do grupo que era mais maduro, por algum motivo alheio a nós. Seria o mesmo menino que, 5 anos depois, fumaria cigarros atrás do colégio e contaria das primeiras experiências sexuais inventadas. No fundo, todo mundo sabia que era mentira, mas aceitava porque queria muito que fosse tudo verdade. Daí, quando o silêncio ficava desconfortável, o maior do grupo, que quase sempre competia ser o mais bobo, tomava as dores da imaturidade universal e rolava com o pequeno malandro que, aos 7, já roubava a mãe dos outros numa espécie de seqüestro edípico.

Como ninguém queria afundar a cara do outro pra valer, a briga acabava na preguiça. E o foro pegava fogo:

1 Vamo parar, todo mundo sabe que cada um tem sua própria mãe - claro que esse era o grandão

2 É. - concordava com pena do comentário idiota do Golias.

3 Ah, cala a boca vocês, eu jogo primeiro porque eu sou mais bonito. - o narcizinho despontava.

4 Isso é o que sua mãe te diz. - e o malandrinho sabia colocar a mãe nas coisas.

A partir daí, começava o jogo de foras e contra-foras, numa disputa ácida que se definia em um sistema de pontuação complexo, sempre envolvendo dois sujeitos e um juiz que elegia a si próprio. Os dois sujeitos que começam a disputa, no caso, são o 4 e o 3, como pode ser verificado. Observe como o sujeito 2 entra na ação avaliando o combate de egos:

3 Não, isso é o que sua mãe me diz! - começava a pegar esse negócio de roubar a mãe do outro.

2 Vixéeee! Nossa...se fudeu! - vulgo: alta pontuação.

4 Minha mãe morreu. - uma mentirinha mórbida sempre caía bem na hora de fugir de um fora bem avaliado.

Claro que depois dessa, vinha um silêncio que misturava frustração com arrependimento. Resolvia-se logo:

4 Peguei você trouxa!

2 Hahaha, boa, vixéee, pegou o cara mesmo. - perceba como uma boa esquiva podia render pontos.

3 Trouxa é sua mãe! - agora, deslumbrado com as mães, ele esqueceu que, para fins dessa discussão, o sujeito 4 já não tinha mãe e estava imune a este tipo de agressão. Acabou perdendo-se na insistência pelo caminho superado.

2 Ah! O muleque já nem tem mãe. Não adianta mais. Perdeu, perdeu. Cala a boca.

Nessa derrota, o sujeito 3 já havia perdido a chance de começar jogando e, sentindo-se humilhado, não tinha nem vontade de lutar mais. Na verdade, ele já tinha perdido a chance desde o momento em que decidira discutir com o precoce. Era sempre um caminho sem volta. Sobrava, portanto, os sujeitos 1, 2 e 4. Mas daí era muito fácil. Jogavam sempre dois por vez. Como o 1 era grande e bobo, eles inventavam alguma tática entre si pra tirar ele do páreo. Uma espécie de associação partidária para eliminar um candidato. Em geral, era alguma coisa bem babaca do tipo: "sua mãe ta no telefone da cozinha". O grandinho, coitado, sempre caía. Quando voltava desapontado, depois de ter até ligado pra mãe, achando que a linha tinha caído, os sujeitos 2 e 4 já estavam na terceira fase e já tinham derrotado o primeiro chefão. O 1 e o 3, silenciados, dividiam o ego do chefão.


baseado em uma conversa com Bruno Lazaretti

11.10.07

Eu confesso que eu sou uma farsa. Vou até o fim porque o Bukowski me mandou, mas não sou bom de verdade. Não sou um escritor mesmo, sou um menino deslumbrado e triste de anteontem. Sou um moleque incomodado, verdadeiramente. O engraçado é que causa eu até tenho. Mas perdi completamente o meu foco socio-político-literário por causa de uma mulher. Não nasci pra ser guerrilheiro, eu acredito tanto em coisas invisíveis que andaria confuso pela mata e me apaixonaria totalmente como nos filmes. Eu lá dizendo coisas bonitas para uma cabrinha, os inimigos me pegariam de idiota.

Tortura, então, não me cai bem. Não aguentaria ser torturado, ainda mais se envolvesse asfixia. Porra, asfixia é foda. Eu até mataria outro homem, gosto dessa poesia mórbida que mora no sangue, que mora em qualquer coisa que perca ou recubra a vida. Atiraria em homens que acreditam em hereditariedade no campo ou que defendem a responsabilidade social como solução para um país como este. E não me culpo, porque sei que muitos mais atirariam em mim por motivos menores. A onda da guerra deve ser ver nos olhos mortos do inimigo a imanência do que você acredita. É tudo muito virtual, quem vai pra guerra aceitou morrer e nessa já está morto. Por isso, não há culpa de farda pra farda.

Mas não vou desviar o assunto. Sou uma farsa. Movo infinitamente mais o corpo pelos amores que por qualquer outra coisa. E queria que meus filhos herdassem minha vontade de amor. Queria que meus filhos herdassem as minha histórias. Mas no fundo é só isso. Não tenho apego suficiente à propriedade pra construir um império para eles. A idéia de se eternizar no trabalho me arrepia, só de pensar na ética protestante como espírito do capitalismo tenho vontade de passar o dia vomitando. Mas nunca vomito, por isso sou uma farsa.

E se a revolução dependesse, num dado momento, que eu atirasse contra a cara do meu amigo, do meu parceiro, não saberia. Seria como atirar contra mim. Morrer ali, com ele melado de sangue. Penso, e sei que não quero nenhum futuro brilhante pervertido pelo meu passado. Quero que meus filhos herdem os intuitos, porque, embora sejam idéias vazias, nos movimentam no tempo e através da dor. Quero que meus filhos possam ser meus inimigos e que se apaixonem por mim honestamente. Quero deixar uma obra, não um pedaço de terra. E se a terra for minha obra, não quero que façam dela a sua própria. Quero que amem a terra, e para isso, muitas vezes, é preciso estar privado dela. É preciso haver privações na vida, é preciso haver frustrações, é necessário ir até o fim. Por isso, dói tanto quando me vejo recheado de estopa, classe B, parado, gastando meus excessos com o ócio. Por isso, me disponho a trabalhar até mesmo no que me ofende. Porque eu preciso, mais do que nunca, ser ofendido diariamente.

Eu não consigo nem transar com uma mulher no estado fodido em que minha cabeça está. Não consigo exercer o mínimo de virilidade solteira. Sexo exige concentração, que exige o mínimo de tranqüilidade psíquica. Trepar com um presunto não é sexo. Transar distraído é um desperdício de orgasmo. É preciso se dedicar, quanto mais às mulheres nuas quando te abraçam com as pernas. Quando transpiram doce. Não se pode querer expulsar uma mulher da cama tão rápido. Não vale a pena viver assim. Café-da-manhã na cama não é uma convenção burguesa, no final das contas, é só um jeito de dizer que não é preciso ter pressa, e que a nudez da mulher que se ama é bem-vinda, e pode ficar ali até o almoço.

Grosso modo, a vida segue um bom clichê. Construindo-se nos pequenos atos que boas pessoas me concedem. Quando você está na merda mesmo é que vê se as pessoas te valorizam, se elas se importam. Uma espécie de machadianismo bem vagabundo. A óbvia revelação diária vem acontecendo. Muitos de quem eu esperava cuidado sumiram. Tem gente que mal me conhece e resolveu que me cuida. Essas pessoas são fascinantes porque acreditam em mim de graça. Acreditam que eu vou ficar bem. Todos acreditam que você vai ficar bem, porque este é o caminho natural das coisas. Ficar bem é envelhecer, basicamente. "As coisas também se resolvem na falta de solução"- a imagem boa do meu pai vem me lembrar. Eu estou livre agora. Eu digo isso pro meu cachorro diariamente, porque ele sabe o que é ser livre. Ontem rasgou a pata bem feio com um caco de vidro, sangrou a cozinha inteira, e aquela cara dele continuava a mesma. Com aquela doçura dos cães de cinema. Ele sorria mesmo sangrando, o desgraçado.

Restou passar um domingo com alguém sem doer. Comprar um livro de presente pra dividir um gosto íntimo. Dizer a verdade na hora que ela quer ser dita. E claro que há liberdade nisso tudo. Ser essa farsa, morta de medo do mundo, me conferiu, de outro lado, uma honestidade corajosa. Ando vivendo honestamente nas gafieiras, de samba em samba, impunemente sincero. Sem regozijo, sem brilho. Ainda muito esmurrado, claro, mas com uma vontade vívida de melhora, uma certeza irracional de que as coisas valem lá suas penas. Tomo a minha pinga e quando ela arde eu fico feliz. Eu existo de fato, resolvo-me na ardência. Cabe aprender a dançar melhor e seguir com o meu livro que já tem toda essa estrutura infantil. Cabe escutar minha personagem que, com certeza, é algum lado meu. Só preciso voltar a gostar de mim de verdade. Acho que quando isso acontecer vou estar pronto para vestir a farda; matar e morrer sem culpa.

4.10.07

Conta essa piada que você guardou.
Me enche de alegria barata.
E se eu não achar graça,
ao menos rio do intuito.

1.10.07

Csóki pensando

Prazer na orelha, prazer na barriga, prazer na orelha, prazer na barriga, ração com banana, ração com cenoura, ração com ração, deitar no da mãe, deitar no do nicolas, roubar o do mãe, correr com o cheiro do nícolas na boca, coceira...prazer, prazer, prazer...sono...praia, cadela...calor, refrescar o pau no chão frio, bolo, sonia, bolo, sonia, rouba o bolo, foge da sonia, come o bolo...sono...deita no da mãe...sono...cadela, praia, macho, mata o macho, pega a cadela...coleira, coleira, xixi, cocô...fêmea, fêmea...xixi, (aqui tem fêmea)....macho, mata, mata, mata, mata....xixi (aqui tem macho)...oi elevador, tchau elevador...deitar no do nícolas, sono...costela de boi, praia, fêmea, bife, mamão...campainha, mãe...cadê a praia, cadê o bife, cadê a fêmea, cadê o mamão...come pernilongo, come mosquito...nada, nada, nada, nada, sede, nada, nada, nada, calor, nada, nada, nada....sono...sede, calor, praia, pneu, boi, carne...campainha, visita, visita, esfrega na visita, carinho na visita, prazer na orelha, prazer na barriga, prazer na orelha, não pára, não pára...esfrega a orelha no chão, prazer na orelha, prazer na orelha...nada, nada, nada...pé da mesa, nada, nada, nada...ciúmes, também quero, meu, meu, meu, dá, dá, dá...escuro, escuro, sono. claro, sentar na cara do nícolas, nada, nada, nada, xixi, nada, nada, fome, nada, nada, ração com banana...
"Roberta,

1
Eu não vou poder organizar os holerites como me pediu. Não é que eu não posso, é que eu não quero. Não me interessa esse tipo de coisa. Prefiro ir jogar bola com meu filho que tem sentido a ausência do pai. Avisa que eu não vou à reunião do fim da tarde. Terei de resolver uma emergência nesse horário. Alguma coisa muito improvável vai acontecer e mudar o rumo da minha vida.

2
Amanhã só consigo chegar às 11:30. É imprescindível que eu durma até às 10:45. Não é fácil lidar com o tédio quando se está com sono. Sobre os relatórios, acho tudo enfadonho e sem propósito. Chato mesmo. Resolvi não fazê-los. Ao invés disso, comi comida mexicana e bebi cerveja escura com minha esposa ontem à noite. Transamos com bastante dedicação e eu a fiz gozar duas vezes, dessa vez. Queria perguntar por que eu ainda não fui funcionário do mês, mesmo tendo, já duas vezes, desentupido a privada de dejetos completamente alheios a mim.
Eu ia resolver o problema da impressora também, mas acho que foi um bem que fiz, deixá-la inativa, enquanto mantenho todos impossibilitados de imprimir bosta.


3
Vocês descontaram 3 dias do meu salário correspondentes ao último feriado. Mas eu entendo minha audácia em ter negado trabalho. Eu ia pedir para tirar aquela placa da entrada que diz que os funcionários são felizes aqui. Não participei dessa pesquisa de satisfação e não faço parte da parte feliz dessa piada. O Róger assediou minha filha no último happy hour da empresa em que decidi levá-la. Ele é casado há 20 anos e minha filha tem 15. Não devia ter levado ela, não tem nada a ver, desculpa. Estou desabituado, esqueço como as coisas são.

3
Esqueço como as coisas são.

4
Pornô sociológico da semana: "A Jeba do Morro"

5
Limpei a sua mesa Roberta, tava cheia de dinheiro.


Amanhã venho de regata."