7.9.04

Vibrissas

Ajeitou o paletó cinza-esverdeado cor de mofo. E sentiu-se bem como nunca dantes. Olhando-se no espelho bem de longe, viu sumir algumas rugas e alguns anos. Penteou os dois longos fios de cabelo que lhe desciam à testa e quis fazer cara de bom, mas não conseguiu. Saiu com as vibrissas a brincar na escuridão como quem sai para ganhar a noite. E já a tinha desenhando o vento nas narinas.

Era feio de virar o Tempo. Mas era Bom e se sentia assim.

Desceu, trançando as ruas entre as pernas. As mãos folgadas descansando os bolsos. Bebendo goles enormes de admiração lunar. Ébrio andante e feliz. Saltitando entre as estrelas.
Riu-se por entre as moças da rua de baixo que exibiam pernas e coisas outras, e achou graça maior em ser bonito porque se quer.

Encontrou o morro que queria, e pôs-se a cantarolar coisa bem baixa. Intocável, fez-se de Deus por doutrinar os peixes...E era festa boa este silêncio. Disse outras coisas tolas e sinceras. E se jogou de roupa e tudo. Voou um pouco com as vibrissas no ar. E não quis cair. O mundo perdeu centro, com os peixes e as estrelas se indagando pra que direção iria o estranho homem. Foi sumindo devagar, e as moças cobraram preço alto pela noite.

De manhãzinha o sol nasceu morno pela encosta, e o mar abriu os olhos de ressaca.

Não se via mais o moço, nem na água e nem no ar.

Sabe-se apenas que foi no morro, de onde quis voar, em que nasceu seu blog...

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

consegui!!!!!!!!!!!!!!!!
parabens pelo seu lindo blog!!!
te amo, viu??
Beijos!

2:47 PM  
Blogger Yuri said...

Legal, legal, legal, legal!
Hehehe, sempre muito divertido

2:34 PM  
Blogger Molly said...

ai ai ai, vc é meu "fã"...

2:03 PM  

Postar um comentário

<< Home