14.11.08

ao espelho

Cada parte realiza um trabalho:

único e insubstituível.



Aos olhos pequenos e implantados

coube a difícil tarefa de comunicar-se.



Enquanto que aos lábios compactados

restou desmentir o discurso dos primeiros.



O nariz - ampla e ridícula estrutura

fez-se eixo e destino para todos os traços



As alças acústicas e bem humoradas

filtram o ruído para um mundo sem névoa.



Os cabelos revoltosos e informes

roubam dos dias seus vestígios e,



junto aos dentes, exigem diariamente:

a higiene que os desvestirá dos excessos.



À barba repleta de falhas

deu-se a invenção de uma geografia



Onde, tal qual o planeta,

tem mais água na face do que terra.

Mais pele do que pêlo



E por baixo ainda há o fogo.

que molda e aquece do todo

suas mínimas partes.



Ao espelho o mim olha o eu.


Os implantados seguem pelo mapa prescrito

no que desembocam nos compactados.

Estes, por sua vez, desmentem o discurso dos primeiros

aos sempre atentos e bem-humorados.

Os revoltosos riem da ridícula estrutura.

Os dentes desvestem-se.



Vemo-nos. O mim e o eu.



Seguindo por ruas que inventamos.

Mais de tédio que de necessidade.

E quando damos por nós,

tudo acontece a despeito de nosso cuidado.

Nosso rosto se move na medida do tempo

e não da vontade.

Nós não existimos.



Eles nos existem.




À querida Michele que me serviu de consciência poética, e conselheira de estilo, sem nem cobrar por isso. Sem ela, não teria saído o trabalho do Wellington.

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Adorei!
Saudade Jao

Beijo

2:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Sem cobrar nada?!?!
nananinanão!!
trate de tirar dez e mandar a nota pro instituto de biociências!!!
rsss

Beijo!

12:39 PM  

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