26.11.08

Cidinha, filha de Soninha, era filha de nossa empregada.

E embora fizesse de obrigada, Cidinha
gostava mesmo de menear a massa crua.

Era a única coisa de que gostava fora eu.

Então eu ficava vendo dia todo
ela arejando a massa.

De costas pra mim
Tão simplinha!

E com tanto gosto ia
que às vezes parecia
que a mão também se arejava.

Eu via a mão toda branca
feito luva de farinha

e ficava na dúvida:

Talvez a massa também mudasse a neguinha.

Então chamava às vezes ela de pãozinho-meu
só pra ver ela irritada de tanto me gostar.

Um dia, olhando ela bem bonita,
sorrindo a maciez do pão futuro.

Disse-lhe muito acertivo como se tornado um homem:

- Deixa essa massa e vem cá um pouco comigo.

Vinha, também, como se tornada mulher,
e nem lavar a mão, Cidinha não quis

Foi por isso que eu conheci o amor muito cedo.
É que Cidinha me tocou com umas mãos que já amavam.

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sua ausencia se faz sentir em meu canil, ja nao mais me alisa os pelos, tao pouco me faz latir
Ass Zacarias

11:19 AM  
Anonymous Anônimo said...

Sua ausencia se faz sentir em meu canil, ja nao mais me alisa os pelos, tao pouco me faz latir

11:20 AM  
Blogger Yuri said...

Brilhante! Esse poema sim é brilhante!

2:43 AM  
Anonymous Anônimo said...

Tenho um porgulho maluco de ti quando leio algo desse tipo... espetacular!

6:37 PM  
Anonymous Anônimo said...

A palavra que me veio ao final da leitura: delicadeza.

7:30 AM  
Blogger Yuri said...

A minha foi: "pica"

2:10 PM  
Anonymous Anônimo said...

sabe que eu sinto tesão em enfiar meus dedos na massa de pão.

4:01 PM  
Blogger Pedro Pimenta said...

porra.
que coisa.

1:05 PM  

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