20.5.06

Deixei o café na mesa e fui deitar os olhos num ponto sem luz.
O sol, em querer-se pouco para o dia, fazia entender frio.

Conformei que me sobrara comentar aos ramos,
quão raro era:
que florissem enquanto fosse Outono.

Alarmante até,
que inventassem a primavera
desdenhassem o outono
e reprimissem o inverno.

Que pudessem romper
o senso do óbvio,
e que brigassem em silêncio.

O meu Silêncio,
em deitar os dedos por sobre as teclas
sem o intuito, porém, de fazer-lhas soar.

Então dos meus goles, fundos;
respondiam assim:
Amarelo, Rosa, Branco...

do meu riso incerto,
riam simiescas:
saber o Verde, o Azul, o Vermelho...

Enfeitando a minha existência
com seu despudor.

Incrível,
que as coisinhas simples
nos sejam mistério.

Que eu faça tanto barulho por nada.

e que,
silenciosamente,
e sem pensar,

saibam os ramos
transtornar a vida.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

mas a mim tbm: sai porque deve sair.

"a poesia é a descoberta das coisas que eu nunca vi"

fora isso, gostei das elocubrações! =p

3:43 PM  

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