9.4.05

quando nasci senti sua falta

Então vamos dar uma volta. E as ruas vão decaindo por outras que mal sabemos. E das que não sabemos, se sabe aonde queremos chegar...e chegamos...e a boca...e o medo...E a chuva faz cair cá logo, de onde se faz ver córregos, por entre o decaimento de ruas...mas não tão logo...não...

há por dantes o colo, em que fiz-te acalentada...e fez-me, por sim, tão não mais meu...e a chuva cá logo..."inda não...ainda não" ...a boca...o córrego...

...esquece...esquece o córrego...

(silêncio)

-Agora ou daqui 20 anos?

O colo...descolo....senta, olha, os olhos...

- Quero não...gostei pouco...pode refazer?

- Pode!

- Agora e daqui 20 anos...

...Agora sim, chuva cá logo, a chuva...

O córrego...nas ruas e nas bocas? A boca, por donde decaem ruas, e esquinas, e laços e enlaces...e decaem donde? Sei não...a boca...o beijo...o córrego
A chuva chuvendo...

-Vamos ser loucos?
-Mas o bar, mas a roupa...
- Ora...

A boca, o pé...o pulo, a chuva, o banho, o amor...a rua, sem rua...só boca, e o córrego descendo o lábio que procura, cego, o outro, e - eu queria que fosse assim, bem como foi, bom- tudo estragado feito seria...sim...se não o fosse bom como fora...

Mas foi, e então...molhados...mas a festa? Pra quê? Se somos dois, que não sabemos se agora ou se daqui vinte...

-Vem?
-Vou!

Disca, toca, atende...oi...não...vai não...vai ficar comigo, sim...sei...eu digo... Disse pouco, meio brava parece...
Importa agora?

Se eu gosto de escrever córregos e bocas 20 vezes no mesmo texto? Se eu gosto de beber cerveja no Fissura? Se eu gosto do violão dos outros? E não ligo que não seja. E que não soe como eu queria que soasse. "O Arruda, eu lembro, bem sabe tocar violão que nem eu queria que soasse o meu: não soa".
Importa agora?
Se eu gosto de você?

Vamos dar uma volta, sem rumo de ruas, decaem no "nós" os caminhos muitos, que se seguem, e saber que chegamos... estamos vendo luz bonita ao longe, bem do alto da cobertura, cheia de plantas e de nada escuro que a noite dá, e damos a ela nós...sem córregos...mas bocas, denovo...elas...untas.

Imploridão silenciosa, faço, estalo bom dos lábios...cobertura

-Vento, aqui de cima...frio faz
- Sinto que não, que há quente por hoje

E faço um sorriso longo com meus dentes todos...porque tampouco sinto frio aqui, e amo quando você diz, o que ninguém diz, assim, e sai andando pro sempre de te ver andar.

E eu bato o carro...e digo, droga. Minha vida, nesse para-choque-sem-tinta-cara-de-coluna-da-garagem. E resmungo, e quero chorar com os dois olhos, e então, esqueço, mas sou criança porque ligo pro meu pai e...

-Droga pai, salve um menino que faz besteira no sempre...
- Meu filho...você não mais cabe nos meus ombros...
E eu calo.

E menina, pai mais não...sua casa? Sim, motor francês, menina no banco do lado.
Sabe bem, aquela rua, bem logo ali Cerro...quer virar por aqui, ou não...

De pronto chegamos, e a mãe de namorado e pijamas dá oi e beijo, e adentra, com o namorado que veio também. Tem foto da filha do ex-padrasto bem pregada na parede.

-Sei nem pra quê!
Penso das fotos que também não querem sair do meu quarto. Mas não digo.
Tiro tênis, chave, carteira: os recosto.
Recosto-me. Recosto-a. Recostamos.
A luz do aquário é assim pouca, a deixa. Mas logo a apaga, pra gastar energia com o ventilador de teto, que ventilou, bem sabendo que pra isso serve. Adoro ventiladores, tanto mais os de teto. Por isso sou redundante. Ventilou. Tão bom. Ventilador. Bem teto. Barulho de girando.

E falo, e faço ser. E gosto de quando ela sorri, e sai andando, assim, pro sempre de ver teus olhos. Por isso digo. E ela é a criança que eu bem fui no estacionamento. Boca, medo, córrego...

- Não sei portar, sei não agir...
-Mas sabe ser?
- Acho que não...

E escorrem dos olhos dois córregos, e lembro da chuva, e do portão... colo...descolo...as duas bocas unidas.

-Mas que difícil essa coisa de ser!

Eu te mostro, com o meu silêncio. E não faria sentido, se não fosse com ela. Mas faz. Toda a minha falta de sentido encerra todo o sentido do mundo quando ela faz que vai ser e não faz. E estamos bem logo fazendo aquilo que mal pensávamos... só pra dizer que o fizemos...

-Eu nasci denovo...rindo!

E então descansa o meu abraço. Até se ir a noite que nos entendera amantes.
E digo da manhã, do tempo de ir...
Ela faz cara bonita de soninho gostoso, que dá vontade de ficar...

E eu gosto quando ela sai andando pra’quele sempre se ir...

O elevador me leva...
O carro me leva...
As ruas me levam...

Os córregos secaram

Na cama o corpo descansa...
a alma, esta não, que aí deixei...

FICOU

8 Comments:

Anonymous Anônimo said...

oi alma gêmea! ( espero que saiba qm tá falando...hehe)
gostei do texto...é, num é um texto que todo mundo escreve né?! hehe...se bem que li seus outros textos...e falar sobre o amor todo mundo fala...mas isso não quer dizer que estejam ruins, pelo contrário, estão lindos!!!

Beijos

9:55 AM  
Blogger Nícolas Brandão Silva said...

quem é vc?

3:44 PM  
Anonymous Anônimo said...

Seus textos sempre me emocionam, mas este emocionou um pouco mais, naum sei pq...vontade boba d chorar...talvez deva mesmo deixar a lágrima correr, descer o rosto e contornar o sorriso....pois eh Paula, falar de amor todo mundo fala, mas não como esse moço...
Um grande beijo querido, saudades...
Nana

5:05 PM  
Anonymous Anônimo said...

Nícolas, achei o seu blog lá no do Emanuel. Textos bacanas, de uma sensibilidade difícil de encontrar por aí. Vou já botar um link no meu.

9:28 AM  
Blogger Nícolas Brandão Silva said...

Eiii!!!

Então...

Paulinha agora sem quem vc é!!! hehe brigado por ter entrado e pelo comentário querida!
Naná êeeeee...saudade! Recebi seu cartão de niver! Tão lindoo! To esperando te encontrar um dia na net pra nos falarmos, não tenho aqui o tel de onde vc ta nessa terra isolada!!! Manda pra mim! pu favô?
Oi flávia! Valeu por ter entrado e comentado, e por me linkar!
Minhas postagens geralmente são um pouco espaçadas pq não posto tudo que escrevo, e pq posto em outro blog com dois outros amigos...

Brigado pelas visitas todas!
Voltem sempre!!!
beijo

7:59 PM  
Anonymous Anônimo said...

Errou a Nana...Bjos... =(

10:27 PM  
Anonymous Anônimo said...

eeeeiii...

concordo com quem disse aí que só vc fala de amor desse jeito!! O que eu disse foi por causa da nossa conversa, mas os textos são lindos! num pensa que eu tava falando mal deles!

e, vc tem msn?!

10:50 AM  
Anonymous Anônimo said...

Li de novo..e gosto mais q antes ainda...

3:29 PM  

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