29.8.05

Cada qual inteira-se da solidão que dividimos à mesa.
É assim, o nosso encontro.
São tais encontros no mundo:

Garfadas que coincidem no tempo.

E, sabe, eu bem poderia me apaixonar por você.
Coisa de se pensar às vezes.

Mas prefiro pagar maior parte do nosso almoço.
E admitir como é mesmo bonito te ver sumindo...

...quando te deixo numa esquina minha,
e caminha você uma ladeira sua.

Transpondo o que não se entende em metros.
Embora não saibamos negar,
que há sim,
uma distância nos separando de nós dois.

25.8.05


por Yuri Machado de Azevedo Bossonaro

18.8.05

pedaço do vento

Um mais dia acaba de sumir nos teus olhos
qual veleiro respeitasse o vento e seu caminho único.

Dia mais levou; um mais de tua vida.
e já não és mais a mesma
és dia mais linda
dia mais triste
mais mulher.

Um mais dia sucedeu na ventura de teus dias;
e amanheceste a mentira deste ontem,
que se encrosta no amarelo dos teus dentes.

Teu espírito, porém, embranquece
no que se põe mais leve.
Quão mais dia vai, menos dia o prende.

Livre, serás, do vício terreno de tuas dores
Quando teus olhos se souberem asas.

Amanhecerás menos dia porque esperas
e não corres; já em tudo encontras o que buscavas.
Pois tão bem conheces o devir e seus demônios.
São como teus amigos e tuas fábulas.

Esta grama que só cheira à grama
Mais nada.

Mesmo assim te atiras neste outono
mudado por teus sonhos de primavera.

és dia mais linda, mulher;
mais triste.

e Repleta.

9.8.05

o último cigano

Bastou que fosse visto louco
para que o fosse loucura antes de tudo.

Bastou que a crueldade tomasse o rumo de seus olhos
para que forjássemos escudos de igual maldade.

É necessário às vezes matar um homem
para que este possa viver em outro mundo.