5.1.10

Maleita

Acho que alguém gritou Luisa daquela esquina onde não há ninguém
É a fina febre da saudade, a maleita dos tolos, o delírio daqueles que amam tantamente

Estamos adiantando os brindes da volta de Luisa. Comemorando um novo ano, porém bebendo e comendo como no ano passado.
Somos pobres coitados, com ou sem Luisa,

Mas queremos Luisa para rir mesmo quando já não houver mais graça
Quando já não houver riso ou dentes para executá-lo
Mesmo quando a boca já houver sido superada por alguma invenção estúpida fantasiada de futuro

Queremos Luisa para apontar o caminho de casa
Para podermos rir histericamente quando já não houver garganta
e quando as orelhas tiverem sumido junto dos sisos

Queremos Luisa para amar como antigamente quando o próprio amor já for antigo demais.

Queremos Luisa para quando Luisa já tiver morrido sem ter visto o sexo se tornar coisa de extremo mau gosto.

Daí vamos renascer Luisa, e vamos chorar sobre ela ao vê-la nua de novo.
E, então, vamos amá-la com o coração todo
quando todos os corações já estiverem secos.