27.12.09

Quando meus passos começaram a ganhar a rua
olhei em volta buscando algum sinal de mudança

A cidade era ainda a mesma:
os sobrepisados blocos de asfalto seco
as marchas brotando e sumindo das esquinas

Uma lágrima chegou atrasada e você não viu

não viu
minha cabeça metida na sua gagueira
sua mão abanando a tristeza
a solidez da tranca, a porta fechada

você não viu um mundo igual ao de cada dia

nem os meus pés fazendo perguntas
enquanto sentiam seu bairro acabar noutro nome

11.12.09

As mulheres espremendo os umbigos contra minhas têmporas

o cheiro indizível dos antros de viciados.

Meu pau diminuto e cabisbaixo

querendo saber quando é que a gente morre, finalmente.

6.12.09

O mundo é a prova de que Deus abandonou o processo terapêutico sem ter elaborado nada.